sábado, 27 de junho de 2015

A Viagem

  Eu me lembro que tinha quase dez anos quando aconteceu. Muitos me julgam louca. Não sou. Juro que não sou. Vou contar-lhes o que aconteceu.
  Estava em viagem com a minha escola. Estudávamos num pequeno colégio no sul de Itapetininga, nós íamos passar o final de semana em um acampamento nos arredores de Jundiaí.
  Fomos todos de ônibus. Chegamos lá perto do meio dia. Desembarcamos e nos instalamos em nossos quartos.
  Quando estávamos a caminho do refeitório, jurei ter visto um vulto encapuzado perto do lago. Ignorei aquela imagem. Achei que estivesse vendo coisas. Mas não estava.
  Passamos a tarde inteira indo do lago para a piscina e da piscina para o lago e apenas quando o sol já se punha é que voltamos para os chalés para tomar banho.
  Entrando em meu quarto, achei ter visto o vulto novamente e ignorei aquela suposta presença, estava bem cansada. Erro.
  Fomos jantar. Estávamos tendo um ótimo tempo juntos, cantando, rindo, contando histórias. Mas durou pouco.
  De repente, as luzes piscaram diversas vezes até se apagarem por completo. Segurei a mão de minha amiga. O ar e a atmosfera que antes eram quentes e agradáveis estavam agora frios e desconfortantes. Me lembro ainda de ter ouvido burburinhos em uma língua desconhecida, depois veio o silêncio. Oh Deus, aquele silêncio me matava por dentro. E depois vieram os gritos. Meus amigos gritavam desesperados, assim como eu.
  Eles mataram todos. Menos eu. Minha vida fora poupada e até hoje não sei o porquê.
  Não sei o que eram aqueles monstros. Mas eu sei que eles ainda devem vagar por ai à procura de novas presas.

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